Em 2017 a Maison Dior comemorou seus 70 anos com direito a uma super mostra no Musée Les Arts Decoratifs, em Paris. Foi a maior exposição de moda que o museu já recebeu até hoje, na qual as criações da maison foram apresentadas juntas de forma tão abrangente pela primeira vez.
Quem não pôde ir agora tem uma segunda chance, desta vez em Londres. É que o Victoria & Albert Museum recebe, a partir de fevereiro do ano que vem, Christian Dior: Designer of Dreams, a maior mostra sobre o estilista francês no Reino Unido – e a maior exposição de moda feita pelo museu desde Alexander McQueen: Savage Beauty, em 2015.
Mas não terá exatamente a mesma organização do Les Arts Decoratifs. Baseada na mostra de Paris, a ideia é traçar a história e o impacto de um dos mais importantes costureiros do século 20. Da jardinagem às viagens globais e a arte decorativa do século 18, a curadoria se debruça nas fontes de inspiração que definiram a estética da maison. Por isso estarão lá os mais de 500 objetos entre acessórios, fotografias de moda, filmes, perfumes, maquiagem, ilustrações, revistas, itens de uso pessoal de Christian Dior, e os mais de 200 looks de Alta Costura do próprio estilista e também de seus sucessores (YSL, Marc Bohan, Gianfranco Ferré, John Galliano, Raf Simons e Maria Grazia Chiuri, atual diretora criativa), incluindo peças do acervo de Couture do V&A, a exemplo do icônico Bar Suit, ofertado ao museu pela Maison em 1960.
Entretanto, na verdade ela foi reimaginada para o solo britânico. “Christian Dior: Designer of Dreams celebra um dos designers mais geniais e icônicos da história da moda. Reimaginando a exposição altamente popular feita em Paris – assim como a maior exposição de moda que o V&A realizou desde Alexander McQueen: Savage Beauty –, ela vai jogar uma nova luz sobre o fascínio de Dior pela Inglaterra”, explica Tim Reeve, diretor e COO do V&A. “Temos uma das mais importantes e completas coleções de moda do mundo, e estamos felizes de poder revelar destaques de nossa coleção assim como dos arquivos notáveis da Maison Dior, para esta exposição espetacular”, completa.
De fato, Christian tinha certo fascínio pela Inglaterra. No ano em fundou sua marca, por exemplo, logo fez um desfile no Savoy Hotel, na capital britânica. Não demorou muito e, em 1952, inaugurava sua loja em Londres. “Não há outro país no mundo, além do meu, cujo estilo de vida eu goste tanto. Amo as tradições inglesas, a educação inglesa, a arquitetura inglesa. Eu gosto até mesmo da culinária inglesa”, disse.
Daí vem a novidade: na The Sainsbury Gallery, espaço da mostra, um setor totalmente novo vai, pela primeira vez, explorar o fascínio do estilista pela cultura britânica, ao tatear as colaborações criativas do francês com influentes manufaturas britânicas, incluindo suas criações usadas por nomes de peso, da autora Nancy Mitford à bailarina Margot Fonteyn. Um dos destaques será o vestido usado pela Princesa Margaret em seu aniversário de 21 anos, que foi emprestado pelo Museu de Londres. Além disso, também haverá espaço para relembrar os desfiles incríveis da marca que tiveram como cenário casas inglesas icônicas, como a Blenheim Palace, em 1954.
“Em 1947, Christian Dior mudou o rosto da moda com seu ‘New Look’, que redefiniu a silhueta feminina e revigorou a indústria de moda de Paris no pós-guerra. O V&A reconheceu a colaboração importante de Dior no curso da história ainda cedo em sua carreira, adquirindo seus sketches e trajes a partir de 1950?, conta Oriole Cullen, curador de Fashion and Textiles do V&A. “A influência do design de Christian Dior foi amplo e ajudou a definir uma era. Cada um a seu modo, os sucessivos diretores artísticos da Maison reverenciaram e reinterpretaram as criações de Dior e continuaram o legado do fundador, garantindo que a casa de Christian Dior continue no topo da moda hoje. Mais de 70 anos após sua fundação, a exposição do V&A vai celebrar a influência duradoura da Maison Dior e revelar a relação do estilista com o Reino Unido.”
Christian Dior: Designer of Dreams estará em cartaz no Victoria & Albert Museum, em Londres, a partir de fevereiro de 2019